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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Meus Cinquenta e Poucos Anos

Quando chegamos aos 50 anos, dizem que dobramos o Cabo da Boa Esperança, ou que estamos na idade do lobo. Ouço também, que alguns poucos ficam loucos de raiva. Sentem como se uma navalha lhe cortassem a face.

Quando se é jovem, carta de amor é telegrama; sucesso é fama; drama é fogo de muitas chamas; amar é beijo fácil de novela; qualquer coisa assanha; valsa termina em samba.

Na meia-idade tudo é diferente. A vida tem outros sabores, cores e texturas. Já não temos algumas inseguranças. Podemos até ser um pouco criança com menos riscos de sermos ridículos.

Hoje, cinquentão, eu acredito nisso. Eu ainda sou um menino atrevido, faceiro; xingo a mãe do vizinho; como cidadão tenho dores de ouvido, principalmente em época de eleição.

Ando na rua de chinelo de dedo; busco a lua; conto estrelas; falo besteiras e mergulho no mar dos meus desejos.

Durmo sem travesseiro, com o rosto colado na cama dos meus sonhos e pesadelos.

Duvido e brigo com a sorte; driblo a morte; construo castelos com doses de momentos mobiliados por gestos e olhares, que guardo a sete chaves em meu coração.

Na meia-idade tudo é diferente. Podemos até ser um pouco criança com menos riscos de sermos ridículos. 
Rezo com uma só mão. Na outra, trago o perdão. Assim, tenho menos solidão e crio laços de grandes e duradouras amizades.

Às vezes, preciso ser um pouco fino, me equilibrar na corda bamba e encarar desafios. Só não vivo no meio–fio, à margem do rio da vida.

Faço poucos exercícios - flexões, mas prefiro exercitar a mente - reflexões.

Gosto do amor desmesurado; de um sorriso de olhar meigo, encabulado; do dorso desnudo da mulher amada em um decotado vestido; de uma boa cachaça que me faz sonhar com o amanhã; de um vento bem- humorado, acariciando meu rosto e do cheiro das manhãs.

Tenho poucas vaidades, algumas manhas e saudades. Sonho acordado. Namoro as montanhas, amo os abraços apertados dos familiares, mesmo nas horas em que pedem algum emprestado.

Transbordo alegrias quando contemplo flores debruçadas nas sacadas das janelas. Vejo poesia na chuva fina batendo nas vidraças.

Sinto-me como um pássaro, no bico a paz, voando em um mundo colorido de possibilidades.

O que posso desejar mais?

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