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sábado, 3 de novembro de 2012

Os 110 anos de Carlos Drumond

Carlos Drummond de Andrade completaria 110 anos nesta quarta-feira passada (31/10). Grande divulgador do modernismo, o escritor entrou para a história da literatura brasileira essencialmente como poeta, apesar de sua produção incluir livros infantis, contos e crônicas.

Nascido em Itabira, no estado de Minas Gerais, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto, aos 23 anos, por insistência da família. Nesse período fundou com outros autores, como Emílio Moura, "A Revista", periódico de divulgação do modernismo no Brasil.

Após mudar-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete do Ministério da Educação até 1945, Drummond colaborou como cronista nos jornais Correio da Manhã e Jornal do Brasil. Na então capital federal lança algumas de suas obras mais importantes, como "Sentimento do Mundo" (1940), "A Rosa do Povo" (1945) e "Claro Enigma" (1951).

Uma das marcas da obra do escritor foi a variedade de temas. Sua poesia é tanto amorosa quanto política. Trata tanto dos grandes acontecimentos como do cotidiano. Mas, em meio a tantos temas, é possível encontrar duas 'linhas de força'. No início, um individualismo ferrenho e rebelde. Depois, a aceitação dos valores patriarcais da sociedade mineira.

No dia 31 de outubro de 1902 nascia em Itabira/MG, Carlos Drumond de Andrade
O Blog escolheu um dos mais belos poemas de Carlos Drumond, para abaixo publicar:

Confidência do itabirano

Alguns anos vivi em Itabira  
Principalmente, nasci em Itabira.  
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.  
Noventa por cento de ferro nas calçadas.  
Oitenta por cento de ferro nas almas. 
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.  
   
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho  
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.  
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,  
é doce herança itabirana.  
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:  
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;  
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;  
este orgulho, esta cabeça baixa...
  
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.  
Hoje sou funcionário público.  
Itabira é apenas uma fotografia na parede.  
Mas como dói!

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