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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Copo e o Corpo

Um dia eu estava assistindo a um documentário sobre cachaças e me impressionei com um fabricante mineiro, com ares de sacerdote pagão, afirmando que os canaviais que cultivava nas encostas de um monte iam buscar os nutrientes no fundo da terra.

Beber aquela cachaça, portanto, era entrar em comunhão com a terra, levando para dentro do corpo o que a terra tem de mais puro, mais profundo e mais sagrado. Desde então, toda vez que bebo uma boa cachaça, tenho a consciência de que estou incorporando a terra da cidade em que foi produzida.

Sou apenas um cara incapaz de acumular garrafas numa adega 
O que significa que, com o tempo, meu corpo passou a carregar um pouco da terra de muitas cidades de Minas Gerais. Salinas, Nova União, S. D. Prata, Serro, Catas Altas... Isto sem contar outros estados. Estou até pensando em perder de vez o preconceito e provar alguma marca do Nordeste.

Sei que algum amigo maldoso deve estar insinuando que a maior parte do meu corpo é ocupado pelas terras de Salinas. Outros, mais maldosos, dirão que sou ocupado por terras mais próximas, a exemplo da varginha no Caxambu.

Lembrarão também dos territórios anônimos do malte e do lúpulo levados ao meu interior pelos copos generosos do chope e da cerveja. Vamos deixar de lado as más línguas, pois estamos restritos ao âmbito das cachaças. E não me tomem por um desses eruditos conhecedores das castas e processos, que conseguem identificar numa simples dose de cachaça os aromas e sabores mais exóticos.

Nem me confundam com esses chatos que não conseguem beber uma cachaça sem deitar falação sobre a qualidade da cana, o ano da safra, as excelências da marca. Sou apenas um cara incapaz de acumular garrafas numa adega, que adora chegar em casa na sexta-feira, abrir uma garrafa de cachaça para beber acompanhada de um bom tira-gosto. E a cada fim de semana anexar novos territórios ao vasto mundo do meu corpo.

Em tempo: Uma iniciativa do Instituto Brasileiro da Cachaça – IBRAC para a criação do Dia Nacional da Cachaça foi lançada em 5 de junho de 2009 na feira Expocachaça, em Belo Horizonte. Essa iniciativa se transformou em projeto de Lei no. 5428/2009, que tramita na Câmara dos Deputados e institui o dia 13 de Setembro como o Dia Nacional da Cachaça.

A data escolhida para o Dia Nacional da Cachaça tem motivo histórico, pois em 13 de setembro de 1661 a coroa portuguesa liberou a produção e comercialização da cachaça no Brasil após a pressão e rebelião dos produtores.

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