Panis et Circenses

Panis et circenses? Que é isso? Calma, que a Wikipédia explica: “panem et circenses [ludos] é a forma acusativa da expressão latina panis et circenses [ludi], que significa "pão e [jogos] circenses", mais popularmente citada como pão e circo. Esta foi uma política criada pelos antigos romanos, que previa o provimento de comida e diversão ao povo, com o objetivo de diminuir a insatisfação popular contra os governantes.” Aqui circo não significa a elogiável arte circense com picadeiro e lona e sim toda festa, show, espetáculo pago com dinheiro público.

Trago aqui este tema por que esta prática foi ressuscitada por políticos contemporâneos que fazem como os Romanos. Claro que na atualidade há algumas diferenças, entre elas: a qualidade, o custo do circo e o povo que agora fala português.

Shows de uma angústia e de uma pobreza de implicativos culturais 

Os relatos contam que os espetáculos romanos com gladiadores eram entusiásticos e imperdíveis. Nossos shows são de uma angústia e de uma pobreza de implicativos culturais que chega a ser desesperador.

Não bastasse o gosto duvidoso do circo, soma-se ainda o custo. No caso custeio. Lógico que todo administrador público sabe a diferença entre investimento e custeio. Quando você compra o circo e deixa-o para ser utilizado pelo público é investimento. Os romanos deixaram o Coliseu. Quando é pago apenas o palhaço é custeio. E os imperadores atuais estão apenas contratando os artistas que fazem a apresentação - no sentido mais puro da palavra, isolando qualquer possibilidade de apresentação artística - pegam nosso dinheiro e vão embora. Quem paga? Nós, pois estão sendo remunerados com dinheiro dos impostos de todo cidadão.

Uma das hipóteses para tanto circo pago pelo erário público, penso que está no fato de que há pouco mais de uma década, passou a ser obrigatório ao administrador público investir somente quando há dinheiro disponível no caixa. Pensou-se que era a solução. Não foi. O administrador não estava educado ou está impossibilitado de cuidar do quanto está gastando em custeio, e sem diferença positiva no cofre, deixou de investir. O povo quer obras. Sem saldo, apresentam-se festas e diversão. Receita secular simples que lamentavelmente ainda funciona.

O método utilizado pelos imperadores de Roma, aqui aplicado com certa maestria por nossos políticos, parece anestesiar mentes que aplaudem espetáculos desprovidos de beleza ou arte. E o pior: elogiam quem trouxe o circo e, não raras vezes, nas urnas reelegem os imperadores.

É preciso alterar ambos os comportamentos: do administrador que contrata e paga com dinheiro público e também do espectador que está assistindo, e o pior, achando que isso é o que tem de melhor.

É amigos do Blog, pelo andar da carruagem e dos cavalgadores, em agosto do ano que vem deveremos ir ao circo, de novo. Será?