Meu Espírito Natalino

Até um tempo atrás eu adorava o Natal, acreditava até em Papai Noel. Era uma festa. Dar e ganhar presentes, comer doce de figo e ainda rever gente que só se vê nessa época do ano. Amigo/inimigo oculto, comemorações em bares com alguém bancando tudo. As bebedeiras. Litros e litros de vinho de procedência duvidosa. Natal sem neve, mas recheado de panetones. Era uma beleza.

Há uns anos, tudo mudou. A festa já não é mais a mesma. Azedou. Algumas pessoas insistem que eu devo entrar no "Espírito de Natal". Se eu não gosto de uma pessoa, por exemplo, tenho que desejar tudo de bom, perdoar só porque é Natal?

Na noite de Natal me transformo num Grinch, um ser amargurado e irritadiço

Este ano recebi por e-mail uma enxurrada de cartões de Natal. Tudo propaganda, spam ou vírus. Os pouquíssimos que não são, estão na lixeira. Um dia desses quando eu não tiver absolutamente mais nada o que fazer, remexo para ver se aproveita alguma coisa.

Eu odeio essa falsidade que se traveste de espírito natalino. Não adianta ser o bondoso, o feliz, o amigão por apenas uma noite. Ou melhor, por 10 minutos depois das 00h do dia 25, quando todo mundo se cumprimenta com abraços constrangidos, beijos hipócritas e sorrisos amarelos.

Só por que é Natal eu não serei uma pessoa melhor. Não quero ser uma pessoa melhor. Não vou perdoar quem só fez merda comigo durante todo o ano.

"Ah... é Natal! É tempo de alegria, é tempo de perdão!"

FO-DA-SE! Se eu tiver que ser melhor ou perdoar, farei quando eu achar que devo ou quando fizerem por merecer, independente que seja Natal, Páscoa, Dia do Soldado ou Dia do Índio.

De falsidade das pessoas já me bastaram os outros dias do ano.

Não sou espírito de porco, vou comemorar o Natal sim, mas vou comemorar do meu jeito. Com amigos e inimigos como todo mundo. Vou beijar quem eu amo e cuspir na cara de quem eu odeio.

Ah... Feliz Natal prá você.